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Estratégica para a internacionalização, cotutela garante titulação por universidades estrangeiras

08/06/2018

Depois de defender sua tese de doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Geologia da UFPR (PPGG) e conseguir aprovação, o que deve ocorrer em setembro, Bárbara Dressel sairá da banca tendo direito a dois diplomas: um pela UFPR e outro pela Universidade de Montpellier. Além de proporcionar um segundo diploma, a pesquisa de Barbara contou com ferramentas que a ajudaram a avançar durante o estudo na universidade francesa, entre laboratórios, bibliografia e participações em congressos e seminários. Outro diferencial do doutorado de Barbara foi o apoio de um segundo orientador, o professor Alain Chauvet, que somou seu conhecimento ao da professora Barbara Trzaskos, que a orientou na UFPR. “Com um diploma válido no mundo todo, abrem-se muitas portas”, avalia a doutoranda, que quer continuar a carreira de pesquisadora.

Barbara foi uma entre pelo menos 25 doutorandos da UFPR que, segundo dados da Agência UFPR Internacional (AUI), a partir de 2013 participaram (ou estão participando) de um tipo de cooperação internacional chamado de cotutela. Trata-se de uma forma de mobilidade internacional que garante aos alunos de pós-graduação stricto sensu uma diplomação ou titulação simultânea em dois países — no caso, na UFPR e em universidade estrangeira. O contrário também é possível, quando estudantes de universidades estrangeiras querem obter diploma no Brasil.

Bárbara Dressel está prestes a concluir doutorado em Geologia pela UFPR e pela Universidade de Montpellier, na França. Foto: Marcos Solivan/Sucom-UFPR

Segundo dados do Sistema de Integrado de Gestão de Acordos (SiGeA), os acordos de cotutela firmados desde 2013 na UFPR têm como destino principalmente a Europa. As universidades que mais receberam alunos estão na França, mas também foram firmadas cooperações com instituições da Alemanha, Portugal, Itália e Holanda. As áreas de conhecimento são variadas: Direito, Letras, Ciências Farmacêuticas, Química, Sociologia, entre outras. O PPGG é um dos destaques, com  três cotutelas recentes.

Aprimoramento

Para Bárbara Dressel, a cotutela deve aumentar suas possibilidades de continuar na carreira de pesquisadora. “Não só pelo diploma válido no mundo inteiro, mas pelos contatos que fiz fora do país também”, conta. Para a cotutela ser realizada, é preciso que o estudante faça parte dos estudos de doutorado no exterior.

A partir do momento em que foi matriculada em Montpellier, Barbara teve acesso a todas as ferramentas oferecidas aos doutorandos, o que permitiu que fizesse análises em laboratório que complementaram sua pesquisa. Com isso, ela avalia que sua tese na linha de análise de depósitos minerais, levantando critérios que calculam a chance de existência de ouro em determinadas regiões, pôde avançar muito além do projeto inicial.

A multiplicação de possibilidades para o pesquisador é a vantagem inegável da cotutela, segundo o professor do PPGG João Carlos Biondi, que intermediou a apresentação da proposta de Barbara aos professores de Montpellier. Como o processo que origina a cotutela começa com o aceite de um professor orientador na instituição estrangeira, a internacionalização dos professores do programa brasileiro se torna uma vantagem. Foi o contato de Biondi com a universidade francesa, por exemplo, que levou à assinatura de um convênio com a UFPR, em 2013. “Como foi em nível institucional, é um convênio amplo. Portanto, qualquer professor, de qualquer disciplina, pode participar”, diz.

Segundo o professor, a cooperação entre as duas universidades tem se mostrado interessante para ambas as instituições. “Os franceses podem pesquisar temas da geologia brasileira e os alunos da UFPR conseguem somar recursos com Montpellier”, explica. “Essa universidade é super capacitada, por exemplo, em datações geológicas, então o aluno da cotutela, quando precisa dessas análises, vai para lá”.

A doutora pelo PPGHis, Carmem Druciak; e o antigo hotel do século XV que funciona como sede da Unité de Formation et de Recherche (UFR) Sciences Humaines et Arts da Universidade de Poitiers. Fotos: Arquivo Pessoal

A professora e tradutora Carmem Druciak, que tem formação em Letras Francês e optou pelo doutorado do Programa de Pós-Graduação em História (PPGHis) da UFPR, classifica a cotutela como uma chance única de aprimorar sua tese. “Vendi o carro e fui, porque não sabia quando teria outra oportunidade como essa”, conta. Trata-se da primeira cotutela firmada pelo PPGHis, sob orientação da professora Marcella Lopes Guimarães.

Na Universidade de Poitier, Carmem foi orientada pela professora Stéphane Boissellier e pôde se debruçar sobre uma bibliografia que não se encontra no Brasil. A tese, defendida no último dia 12, aborda a literatura francesa do período medieval (entre os séculos XIV e XV). “A vida em Poitiers foi muito dinâmica, toda semana havia conferencistas estrangeiros. Houve ainda o acesso a um material atualizado e completo sobre o meu tema”.

Internacionalização

Desde maio, a Resolução 12/17, do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), regula os processos de cotutela, que passaram a ter origem nos colegiados dos programas e devem ser remetidos à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG) e à AUI. Essa foi a forma encontrada pelo Cepe para viabilizar a institucionalização das cooperações com universidades estrangeiras. Isso porque quando os acordos ocorrem em nível institucional, mais doutorandos podem buscar a cotutela.

O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Francisco de Assis Mendonça, observa que as possibilidades de cotutela aumentam à medida que estudantes e orientadores têm experiências internacionais, o que é um bom fator. Ressalta, porém, a importância de que essas iniciativas sejam institucionalizadas para que deem frutos em longo prazo.

“Na UFPR, a recente aprovação do Plano Institucional de Internacionalização (PII) prevê o suporte institucional para as parcerias diversas com o mundo, e o projeto PrInt-UFPR [Programa Institucional de Internacionalização] encerra ações de forma muito objetiva no sentido de promover a internacionalização da pesquisa e da pós-graduação”, afirma.

Mendonça destaca que, ao estabelecer as dimensões e possibilidades da realização da internacionalização na UFPR, o PII é um documento fundamental para as parcerias internacionais que visam a produção de conhecimento. “Os acordos de co-tutela estão previstos no âmbito das ações do PII, e constituem uma atividade de suma importância para a efetivação da internacionalização da UFPR”.

Institucionalização

Na avaliação do professor André de Macedo Duarte, diretor da AUI, a resolução deu autonomia aos colegiados dos programas para propor as cooperações, limitando as avaliações à PRPPG e à AUI, que se responsabilizam por checar documentação.

“A PRPPG e a AUI apenas analisam se a documentação exigida está presente, não cabendo a nós analisar a pertinência ou não da proposta. Isso facilita as coisas, pois o essencial é o interesse mútuo dos dois programas de pós-graduação e pesquisa no estabelecimento do acordo de cotutela”, explica Duarte. “A documentação é bastante reduzida, limitando-se ao essencial”.

O diretor se refere basicamente à minuta de acordo mútuo (específico para cada doutorando), que precisa definir o projeto de pesquisa, cronograma de atividades, meios de financiamento dos deslocamentos, língua em que o trabalho será redigido e os orientadores na UFPR e no exterior, entre outros dados.

Duarte destaca que, no contexto do PrInt-UFPR, submetido à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) no fim de maio, os acordos de cotutela são considerados estratégicos pela instituição.

“O entendimento é que o acordo de cotutela dá mostras concretas de um processo orgânico e consistente de internacionalização, justamente porque ele pressupõe uma boa integração acadêmica entre os parceiros”, afirma. “Isto mostra que há confiança na qualidade da produção acadêmica entre as partes, bem como ressalta o caráter de reciprocidade nesta relação acadêmica, outro aspecto claramente estimulado pelo edital proposto pela Capes”.

 

por Camille Bropp

 

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